quinta-feira, 5 de julho de 2007


Ah! As férias da escola...
São o que chamo de recompensa por um trabalho bem feito. Menos em Alquimia, mas fazer o quê? Nem tudo é perfeito.
Você pode fazer o que tiver vontade, levantar tarde, dormir na hora que quiser, não ter que dividir o banheiro com ninguém, ficar sentada no sofá vendo papai se deixar "enganar" por minha mãe no jogo de cartas e ela achar que ele não sabe, ter a comida da mamãe quentinha... Claro que ela vai empurrar as tais comidas saudáveis, mas quem se importa?
Não ter que levantar cedo para assistir as aulas, não ter que entregar metros e metros de pergaminhos explicando a revolta dos duendes e suas conseqüências em nosso sistema político atual, não ter aulas de duelos, não ter medo de ser pega pelo guarda caça quando estiver beijando o Iago, enfim não ter medo de nada. Bom né? Então porque estou sentindo tanta falta disso após quatro dias em casa? Eu já estava arrancando os cabelos, sem ter nada para fazer e ainda faltam quase dois meses para este tédio acabar, curtindo um calor de 28° C.
Havia acordado cedo e por falta do que fazer havia arrumado meu quarto, sim e fiz isso sem minha mãe mandar, tamanho meu desespero em me ocupar. Eu estava deitada na minha cama decidindo se iria até a livraria do vilarejo ver se havia alguma novidade, quando ouvi a voz de minha mãe no quintal quando saía para o trabalho:
- Estou indo para o trabalho, mas você pode ir lá chama-la, a casa é sua.
Franzi o cenho e comecei a me levantar, antes que chegasse a porta ouvi um chiado e o som de um corpo sendo jogado longe e uma praga sendo abafada. Sorri satisfeita. O feitiço havia dado certo. Abri a porta com tempo de ver Luka caído no chão. Ele olhou para cima e lançou um olhar irritado:
- Porque o feitiço? Podia ter me machucado.
- Bom dia pra você também Luka. - pulei por cima dele, e comecei a rir da cara irritada dele, e quando ele levantou com aquele olhar “perigoso” corri para a sala com ele no meu encalço. Ficamos correndo pela casa, como se fosse gato e rato. Eu ia pondo coisas no caminho dele para ganhar tempo:
- Porque enfeitiçou a porta do seu quarto?
- Queria testar um feitiço anti-intruso.
- Ah, agora sou um intruso é? Bem, ele funcionou me jogou longe.
- Não funcionou tão bem. Você não está verde. – disse risonha e consegui puxar um pufe na frente dele, e ele se desequilibrou, com a distração, escapei para a cozinha.
- Você ia me deixar verde?- perguntou chocado, correndo atrás de mim ao redor da mesa.
-Não ia deixar VOCÊ verde, era o intruso, porque aí se ele fugisse, eu poderia identificá-lo logo. – e continuei a correr, então ele disse:
- Acho que seu feitiço me machucou... Estou com dificuldade de respirar.
- Qual é? Você já levou pancadas piores nos jogos. Foi só um golpezinho. - disse mas ele ficou estranho, com os olhos fechados e segurou a barriga, e caiu ao chão.
- Luka... Não adianta você está querendo me enganar. - esperei algum tempo ele nem se movia, fiquei preocupada e me aproximei me agachando perto dele e ver se estava vivo.
- PEGUEI! Ele gritou enquanto se levantava rápido e me jogava ao chão rindo.
- Isso não vale, seu mentiroso. Vai me solta.
- Não!
- Luka você é pesado. Saia de cima de mim.
- Não sem antes você prometer que vai comigo até o vilarejo. Pensei em passar o dia no parque. E a minha casa fica grande demais sem a Irina. E como o Yuri ta longe também, pensei que você...
- Vou sim, porque não disse logo.
- Uau! Você esta desesperada não? Nem hesitou com o meu convite. - ele levantou me puxando junto.
- Experimente arrumar seu quarto por duas vezes, escrever cartas a todos os seus amigos, e o pior: cogitar estudar o livro de Alquimia. Sim, eu estou desesperada, por isso não hesitarei em sair com você. Vamos logo. - começamos a rir.
- E o seu namorado? Achei que ele estaria por aqui. - ele perguntou.
- Iago viajou com a mãe para a Grécia. Ela tem parentes lá.
- Bom, então não serei responsável por nenhuma crise de ciúmes.
-Claro que não, Iago confia em mim da mesma forma que confio nele. Ah propósito: tudo é por sua conta. – e ele riu com gosto.
Deixei um bilhete para mamãe e saímos para ir ao parque local, que com o início das ferias de verão estava cheio de pessoas conhecidas. Andamos várias vezes de montanha russa, e vários brinquedos que aumentavam a adrenalina. Às vezes Luka sumia, e voltava sem dizer aonde estava, mas freei minha curiosidade. Pra que estragar um passeio grátis?
Após comermos, Luka e eu paramos na barraca do tiro ao alvo e o vendedor veio todo animado:
-Aproximem-se. Vamos rapaz, com um tiro você pode deixar sua linda namorada feliz.
- Eu não sou... - comecei a falar e fui interrompida por Luka que esticou o dinheiro ao homem:
- O que tenho que acertar?
Sai de lá com o maior prêmio da barraca e um riso enorme na cara. Voltamos para casa ao anoitecer e minha mãe o chamou para jantar, mas ele recusou. Disse que o pai poderia ficar preocupado com ele, mas prometeu aparecer. Ao nos despedirmos, na porta da frente ele disse:
- Foi legal Milla. Pelo menos conseguimos ficar sem brigar um dia inteiro.
- Sim, o que o tédio não faz. Acho que devemos fazer uma campanha: o tédio salvará o mundo. - rimos e ele ficou sério me olhando.
- Que foi? – perguntei.
- O seu feitiço foi muito bom. Vou estranhar muito se o professor Lênin não te convidar para o clube de feitiços este ano. – sorri, mas fiquei séria quando ele se aproximou e ficou a centímetros do meu rosto.
- Milla...
- Hã?
- Posso te pedir uma coisa?
- O quê? – arregalei os olhos e minha garganta ficou seca.
- Qual o contra-feitiço para esta droga que você botou na porta do seu quarto? Já fiz várias coisas e não deu certo. O tom verde já tomou o meu braço direito e está se espalhando e um aviso garota: esta coisa coça. – disse tirando a camisa para se coçar.
Após me recompor do susto, comecei a gargalhar enquanto fazia o contra-feitiço para fazer seu braço voltar ao normal. Quem disse que férias em casa não podem ser divertidas?