sábado, 15 de maio de 2010


Depois que deixei Greg e Elena na escola, voltei para casa determinada a ter um novo recomeço com Iago. Eu o amava, porque iria ficar brigando com ele? O importante era estarmos juntos e enfrentar os problemas um de cada vez e tudo daria certo. Depois que Ivan foi para a cama, encontrei meu marido na biblioteca e me aproximei de sua cadeira e o abracei. O senti tenso, mas achei que ele estivesse um pouco assustado com as minhas ações e sussurrei em sua orelha, do jeito que fazia ele ignorar as coisas e me seguir:
- Venha logo para o nosso quarto, temos muito o que...conversar...- e ele respondeu:
- Preciso resolver umas coisas aqui e já vou.- fiquei um pouco desapontada, mas talvez ele precisasse de carinho em dobro para me desculpar pelo distanciamento. Dei-lhe um beijo leve e fui para nosso quarto e devo ter esperado por muito tempo, porque não o vi entrar.

No dia seguinte, ele já havia saído e eu estranhei ele não haver me chamado. Devia ter ido correr, ele sempre fazia isso para ajudar a se manter em forma. Levantei-me e fui fazer o café da manhã e comentei com meu filho Ivan:
- Hoje quando seu pai voltar, ele pode te pegar na escola nós podemos jantar fora, o que acha?- mas meu filho respondeu após terminar de mastigar seu cereal:
- Papai não volta mais hoje, ele vai encontrar o tio Riven na Escócia e vão pescar, ele só volta no final da semana que vem, ele não te falou?
- Er..humm, Claro que falou, que cabeça a minha...Venha, vamos para a escola e então de noite, eu vou jantar com o garoto mais bonito desta cidade.- e meu filho riu dizendo:
- Não fala assim, mãe, meus amigos vão me zoar se escutarem que sou bonito blergh! – ri.
E enquanto o levava para a escola, eu ficava pensando na atitude de Iago. Será que ele estava tão chateado assim comigo? Mas nem quando brigávamos, um saía de casa sem falar com o outro...O que será que estava acontecendo?

Uma semana depois

You're everything I thought you never were
And nothing like I thought you could have been
But still, you live inside of me, so tell me how is that?
You're the only one I wish I could forget
The only one I love to not forgive
And though you break my heart, you're the only one


Era sexta de manhã, e eu me arrastei para sair da cama. O mundo girava e meu estômago, enjoava até com o ar que eu respirava. Minha náusea só melhorou depois que tomei uma xicara de chá de gengibre com mel. Como havia um surto de gripe no meu departamento, optei por fazer uma consulta, e descobrir se eu também teria que me licenciar. Fui até o St. Alborguetti e pedi para chamar Vina. Não demorou muito tempo e ela logo veio me atender.
- Hey, o que foi que houve? O Greg??- perguntou preocupada e eu a tranquilizei:
- Não, está tudo bem com ele. Eu estou me sentindo mal, como se estivesse gripada, e não quero contagiar o resto dos meus funcionários. Já perdi dois esta semana, não posso perder mais nenhum, então você pode me passar alguma coisa? – disse enquanto entrávamos em seu consultorio. Logo Vina me examinava, e ia fazendo anotações em sua prncheta muito séria. Ao final dos exames, ela me ajudou a sentar e como ela não falasse nada, brinquei:
- Vai Doutora, diz logo quanto tempo de vida ainda me resta?
- Cerca de sete meses, depois disso, você não vai conseguir ter oito horas de sono direto, por um bom tempo, parabéns mamãe. Imagino que você esteja com quase cinco semanas.
- Sério? Estou grávida? – e quando ela fez que sim começamos a gritar eufóricas na sala dela e uma enfermeira até veio ver se estava tudo bem.
Após os gritos de alegria, Vina aproveitou para colher sangue para outros exames, me explicou que o fato de estar sob forte stress durante o transplante do Greg, me fez não perceber os sintomas, mas que estava tudo bem fisicamente comigo e com o bebê.
Voltei para casa radiante, com minhas vitaminas, e a recomendação de me alimentar bem e tomar chá de gengibre para o enjôo. Mas eu estava tão feliz que as náuseas passaram e estava me sentindo faminta. Esta noite Iago voltaria para casa, faríamos as pazes e para coroar nossa felicidade, eu contaria sobre o bebê. Seria a cereja do bolo que eu faria para comemorar.
Iago voltou e eu o recebi com um abraço e um beijo cheio de promessas e embora ele se mantivesse distante, eu estava alegre. Ivan sem saber compartilhava do meu entusiasmo e ao final da noite, Iago já estava rindo e brincando conosco, como sempre fazia.
Depois que Ivan foi para a cama, Iago e eu fomos para nosso quarto e mal fechei a porta, ele me agarrou e começamos a nos beijar, e a tirar nossas roupas de forma apressada, e entre um beijo e outro me agarrei ao fio de lucidez que me restava e disse:
- Nós vamos ter um bebê, Iago.- e ele estacou. Me afastou e perguntou olhando para minha barriga:
- Quem é o pai?
- Como assim quem é o pai? Óbvio que é seu, que pergunta boba...- tentei rir mas ele me respondeu de forma fria:
- Não tenho tanta certeza, Ludmilla. Eu vi o jeito que você e Luka se agarravam no jardim de inverno, e com os garotos na sala.
- Luka me agarrou à força e...
- Ah claro, a velha historia...só falta ele ter feito você beber alguma poção do amor novamente e você não sabia o que fazia.
- Iago, ele me agarrou, mas eu o rechacei, não há nada entre nós e nunca haverá. Ele estava comigo no jardim de inverno porque eu não queria discutir com ele na frente dos nossos filhos e assusta-los... - disse ignorando a dor que suas palavras me causavam.
- E estavam discutindo o quê? Como fariam para me tirar do caminho, agora que haviam se reencontrado? Porque eu sei que vocês estão juntos há tempos, sei dos presentes, das flores, as visitas dele ao Ministério e sua frieza comigo...Vocês não foram discretos e todos estão falando disso. E desta vez eu não estou disposto a dar meu nome ao bas...
SPLESH!
Foi o som da bofetada que dei nele e foi tão forte, que jogou seu rosto para trás. Ele voltou a me olhar e o seu rosto estava ficando avermelhado. Eu estava sentindo muita raiva e disse entredentes:
- Nunca se atreva a usar esta palavra, quando o assunto for os meus filhos. Eu sabia que em algum momento você jogaria o nascimento de Greg na minha cara. Você só o aceitou porque me queria, e eu sempre senti que meu amor nunca seria o bastante para compensar tudo o que você fez por mim, e este tempo você fingiu que era um pai orgulhoso. Eu secretamente desejava que Greg fosse seu de verdade...Como eu fui idiota!
- Eu amo o Greg, ele é meu filho, não distorça meus sentimentos por ele...
- Não Iago, ele não é. Talvez nem o Ivan seja...- e o vi estreitar os olhos e dizer tenso:
- Greg e Ivan SÃO meus filhos...- ele disse enfático e eu provoquei:
- São? Como você pode ter tanta certeza?– e como ele me olhasse irritado, eu disse:
- Não vou mais discutir com você, estou cansada. Amanhã eu e meu filho vamos embora e quando Greg voltar da escola já estremos instalados...
- Não! Eu saio! Esta casa é dos meus filhos e você deve ficar com eles, pelo menos por enquanto, até Luka a levar para a casa dele...- e olhei para ele e me vi fazendo um pedido enquanto forçava as palavras a sairem:
- Espero que os seus sentimentos a meu respeito, não afete o seu relacionamento com os garotos, eles o amam. Amanhã, peço para um advogado te procurar. - e Iago perguntou:
- Então você assume o seu caso com o Luka?
- O que te interessa? Você já tem a sua verdade e se convenceu dela. Nada do que eu disser vai mudar isso...
Ele saiu do quarto e enquanto eu me sentava na cama e abraçava meus joelhos, pude ouvir ele batendo com força a porta de entrada. Me dei conta de que meu casamento estava acabado e só então as lágrimas começaram a rolar livremente pelo meu rosto.

And though there are times when I hate you
‘Cause I can't erase
The times that you hurt me and put tears on my face
And even now, while I hate you, it pains me to say
I know I'll be there at the end of the day
I know that I love you, but let me just say
I don't wanna love you in no kind of way, no no
I don't want a broken heart
I don't wanna play the broken-hearted girl


Nota da autora: Música utilizada: Broken-hearted Girl, Beyoncé