quinta-feira, 23 de agosto de 2007


-CASA O'HARA WEASLEY.

Gritei bem alto ao jogar o pó de Flú na lareira de casa e iniciar a viagem para a Irlanda. Papai havia conseguido conectar nossas lareiras para facilitar e me fazer ganhar tempo. Enquanto eu sentia a pressão e mantinha a boca bem fechada para não aspirar as cinzas, ia vendo lareiras desconhecidas passando na minha frente. Após um tempo que eu considerei longo, cheguei ao meu destino e quase fui ao chão, tamanha a velocidade que as chamas me jogaram para fora da lareira. Um par de mãos fortes me ergueu dizendo:
-Finalmente chegou maninha, pensei que teria que ir te buscar. Que saudades. - e Yuri me abraçou sorrindo.
Abracei-o e após espanar minhas vestes um pouco, olhei ao redor. Estava numa cozinha enorme, na lareira atrás de mim cabiam tranquilamente 2 ou mais bruxos de pé, haviam uma mesa posta para refeições e um casal ruivo lutava para alimentar dois bebês de fartos cabelos avermelhados sentados num cadeirão. Um pouco afastado havia uma jovem bonita, com cabelos escuros, e ao seu lado um rapaz com feições parecidas, ambos sorriram simpáticos.
- Bem o Carlinhos você já conhece (acenei para ele que retribuiu antes de desviar de uma papinha cuspida pelo menino), esta é Morgan a esposa dele, e seus filhos: Johnny e Izzie... (os bebês ao ouvirem seus nomes fizeram aqueles barulhos típicos de bebês e demos risada). Estes são John e Mary Mckellen, estão nos ajudando aqui por uns tempos.
- Olá a todos! Obrigada por me receberem. - e a ruiva se levantou vindo em minha direção. Estava descalça, usando jeans e camiseta, tinha uma pele bem clara, olhos extremamente verdes, e cabelo marrom avermelhado preso num rabo de cavalo.
- Yuri fala muito bem de você e como ele nos disse que você era doida para conhecer nossos dragões, pedimos que a convidasse. Sinta-se a vontade. Venha vamos comer. Sentei-me na mesa e Morgan, colocou na minha frente um prato com bacon fatiado, lingüiça de porco, ovos, panquecas, e pudim preto. Na mesa ainda tinha torradas quentes, chá café e pudim de aveia regado com melaço.
- Pode comer sem medo, não fui eu que fiz. – disse olhando para Carlinhos que sorriu e mandou um beijo para ela e os outros começaram a rir.
Embora eu tivesse tomado café antes de sair de casa, o cheiro de toda aquela comida me abriu o apetite e comecei a comer enquanto conversávamos.
- Onde está Irina?
- Está terminando a ronda ao redor da Ilha junto com Nicolai. O nosso turno começa quando eles chegarem para dormir.
Continuamos a conversar e descobri que John e Mary eram sobrinhos da auror McGregor que havia ajudado a defender a Ilha de ataques durante os eventos da guerra. John era tímido e Mary bem falante. Ela e Morgan se davam bem, e ás vezes Carlinhos olhava meio perdido para a mulher tamanha a quantidade de informação que elas trocavam. Notei também o jeito que Mary ria e olhava para meu irmão enquanto ele estava ocupado ouvindo alguma coisa que Carlinhos falava e quando Mary se distraía, era Yuri quem a olhava. Numa destas observações olhei para John e ele após olhar para meu irmão e a irmã dele, fez sinal afirmativo. Sorrimos cúmplices e Yuri e Mary ficaram curiosos com nossa reação, mas continuamos a comer calados.
Após algum tempo Carlinhos falou, enquanto segurava a pequena Izzie no colo:
- Yuri, se sua irmã não estiver cansada, você poderia levá-la para o lado leste da Ilha, os filhotes de lá já nasceram e as fêmeas não oferecem tanto perigo. Eu e John circularemos a Ilha e Morgan vai com a Mary cuidar do lado Oeste. Temos uma encomenda de escamas de dragão para o St. Mungus. Após pegar uma das vassouras do depósito, fui com Yuri checar o lado Oeste da ilha e o que mais me espantava era a beleza selvagem do lugar, árvores centenárias, rodeavam riozinhos escondidos, onde as margens eram cheias de flores. Víamos pequenos animais, se escondendo de nossa sombra no céu, após algum tempo de vôo comentei:
- A Mary é uma garota diferente. Imagina, depois de tudo que a família passou, voltar aqui para ajudar a Morgan, pois foi gente para o trabalho. Isso é muito legal da parte dela.
- Sim, demais.
Como ele não dissesse mais nada eu insisti:
- Ela é especial não? Cresceu perto de Loch Ness, deve ter muita coisa para ensinar.
- O que quer saber Milla?
- Notei o jeito que você olhava para ela, quando achou que ninguém observava.
- Ela é muito jovem. - ele respondeu desviando os olhos dos meus. Suspirou e continuou: - Ela vem de família rica. Os pais trabalham com exportação. Mary é uma moça que merece muito mais do que posso oferecer.
Olhei para ele e pela primeira vez vi seus ombros caídos, e me dei conta da verdade:
- Yuri você está apaixonado?
- Não estou não.
- Está sim. Ai que lindo, meu irmão tá apaixonadinho. - caçoei e ele riu dizendo:
- Namorar o Karkaroff te deixou de miolo mole. Aliás, como ele está? Mamãe ainda não o mandou para o mármore do inferno?
- Não, mas vive olhando-o de cara feia. Por sorte Iago teve um treinamento intensivo com o pai dele para ter medo dela, mas eu é que fico constrangida. Ficamos conversando, pondo nossos assuntos em dia, e nos outros dias, estabelecemos a nossa rotina. Nem parecia que eu havia acabado de conhecer aquele lugar.
Havíamos passado o dia fazendo uma contagem de dragões e ovos, no lado leste, e já era hora de voltarmos, quando vimos faíscas vermelhas no céu.
- Vamos, é no lado Oeste, Morgan precisa de ajuda.
Voamos o mais rápido possível e começamos a ver ao longe chamas altas no céu. Quando nos aproximamos vimos o motivo de tanta agitação. Um enorme dragão lançava labaredas e agitava as asas arrancando o que estivesse no caminho. Mary se aproximou, e vimos que seu braço estava machucado, mas ela parecia não se dar conta disso, foi logo dizendo:
- Este dragão não é daqui, fez um ninho, e pelo jeito está faminto. Morgan acha que está cego, porque ele lança os jatos a esmo, ela quer que você a ajude a imobilizá-lo, para que ela possa examinar melhor.
Meu irmão olhou para o enorme dragão e disse:
- Milla se precisarmos usar feitiços mire no meio dos olhos ok? É o local mais vulnerável nos dragões. Mary quero que fique aqui junto da minha irmã.
- O que você vai fazer? – ela perguntou preocupada.
- Vou me aproximar o máximo que puder, e lançar um Confundus nele. É o que a Morgan ta tentando fazer não é?- e vimos que ela voava cada vez mais perto do dragão.
- E se isso não der certo? O que faremos?
- Voltamos amanhã, com mais gente e damos um jeito nele. Logo vai anoitecer e ele vai dormir.
Yuri voou mais perto do dragão e logo ele e Morgan voavam o mais perto que podiam. Mary e eu o olhávamos preocupadas, em dado momento vimos um jato prateado sair da varinha de Yuri, e o dragão ficou meio sem saber o que fazer e abriu as asas. Morgan desviou e se aproximou mais lançando outro feitiço. Meu irmão começou a conjurar cordas e Mary, cansada de olhar sem fazer nada, fez o mesmo, eu a segui e comecei a ajudar. Conseguimos nos aproximar, enquanto Morgan e Yuri iam forçando o dragão a se deitar no chão. Aproximamo-nos e ouvimos Morgan sussurrando um idioma estranho, enquanto o acariciava gentilmente para acalmá-lo, o dragão exibia muitas cicatrizes no dorso, e parecia ser bem velho. Mary após ouvir o que Morgan dizia passou a repetir e o dragão foi se acalmando. Após algum tempo, Carlinhos chegou e se juntou a nós nos cuidados com aquela fera, que embora muito castigada, era fantástica.
- Este é o dragão que o Harry falou? O que guardava Gringotes? - Carlinhos perguntou,
- Creio que sim: tem o tamanho aproximado, está cego, e tem muitas cicatrizes. Veja tem uma coisa de ferro prendendo o pé dele. – e ela apontou a varinha soltou o pesado grilhão de ferro. Ao final meu irmão e John trouxeram alguns cervos mortos e os deixaram próximo do dragão. Foi um trabalho exaustivo, Mary, John e eu, estávamos suados e cansados. Morgan, Carlinhos e Yuri transpiravam bastante com o calor que fazia.
Levantamos vôo e Morgan desfez os feitiços que prendiam a fera. Ela se levantou rápido e farejou o ar, sentiu o cheiro de comida e foi para o banquete. Após algum tempo vendo o animal estraçalhar a carne, Morgan disse:
- Vamos ter que incluir nas atividades, trazer caça para ela. Se a deixarmos sem supervisão ela vai destruir a floresta e provocar briga com os outros.
- Já temos muito trabalho acumulado... Não sei se é viável ela permanecer aqui. Talvez tenhamos que sacrifica-la. – disse Carlinhos.
- Não vamos sacrifica-la, ela pode viver aqui. Veja, eu pego os animais para ela, coloco isso como atividades minhas, sei que você tem um monte de coisas para fazer. – Morgan respondeu, empinando o queixo.
- E você vai fazer isso quando? Durante suas horas de sono? Tem dias que você mal consegue se manter acordada. – ele rebateu.
Vendo que os ânimos estavam esquentando Yuri fez um sinal com a cabeça e eu, Mary e John começamos a voar de volta para casa.
- Eles vão brigar? – perguntou John.
- Um pouco, mas depois eles vão arrumar uma solução para o novo membro da família. Nunca vi Carlinhos recusar um animal e Morgan sabe como convencer o marido a fazer o que ela quer.
- Sei, e se não convencer? O Carlinhos me pareceu bem firme em seus argumentos. - Mary disse.
- Se ela não o convencer por bem, alguns dias dormindo no sofá o convencerão. Ela já usou esta tática antes, e funcionou. Aquela garota com cara de boazinha sabe como controlar aquele ruivo esquentado. – quando chegamos, ele puxou Mary para cuidar do braço dela, eu e John vamos cuidar de nossas tarefas e os deixamos sozinhos.
Naquela noite, após o jantar Morgan queria dançar para comemorar a chegada de Gaia, era o nome que ela escolheu para o dragão, e nos arrastou a todos para o vilarejo, a tia dela Bertha iria ficar com os bebês, junto com o elfo doméstico mais arrumado que já vi. Fomos a um pub com música ao vivo, e logo estávamos dançando e bebendo cerveja amanteigada. Irina chamou meu irmão para dançar e ele foi. Nicolai puxou Mary e eu olhei para John, levantando as sobrancelhas, ele deu risada e me estendeu a mão. Fomos para a pista e mesmo me divertindo muito, acabava lembrando da saudade que sentia de Iago. Queria que ele pudesse estar aqui. Depois de algum tempo, notei que Yuri e Mary dançavam de rosto colado e Nicolai dançava com uma Irina de cara amarrada. Quando voltamos para casa, pude ver Mary e Yuri andando de mãos dadas, e trocando segredos. Fiquei feliz por eles, mas infelizmente Irina não compartilhava da minha opinião.
No dia seguinte, ao ser informada que Yuri e Mary fariam as rondas juntos, pediu demissão e nem se importou em conversar com Carlinhos. Morgan que foi ao quarto dela e acertou as coisas. Juro que esperei ouvir o som de coisas se quebrando, mas se Morgan sabe como controlar um dragão de 10 metros, Irina não teria a menor chance com ela. Como o serviço na Ilha era muito, me ofereci para ficar ali até que arrumassem outra pessoa, era o mínimo que poderia fazer para ajudar. Carlinhos agradeceu e insistiu que eu deveria receber um salário, igual à Mary e John. Fiquei tão contente, era a primeira vez que receberia pagamento para fazer algo de que gosto. Gostaria que as minhas amigas e Iago pudessem ver isso.