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Julho de 2000

Após a nossa formatura em Durmstrang, cada um de meus amigos embarcou para sua nova vida, mas todos se despediram de mim com uma promessa: estariam presentes em meu casamento com Iago, em julho.
O começo do meu estágio no departamento de regulamentação e cuidados de criaturas mágicas foi um tanto monótono, uma vez que no começo só fazia arquivos de processos, e quase nada de trabalho de campo.
Iago viajava bastante por causa dos jogos do time, então ele e eu nos falávamos todos os dias pela lareira, para decidir detalhes de nosso casamento, e nos finais de semana, em que ele não jogava, ele vinha para casa, acabávamos nos distraindo um com o outro, ao invés de cuidar dos preparativos.
Nós iríamos morar na casa em que ele cresceu, era uma casa grande, mas pelos planos dele, logo ela estaria cheia de crianças, e como eu precisaria de ajuda quando o bebê nascesse, eu e ele convidamos a mãe dele para morar conosco, já que ela era uma mulher sozinha e nos dávamos bem e parecia gostar de mim.

Na véspera do casamento, Annia, Evie, Nina e Vina apareceram para pegar seus vestidos de madrinhas, e após ver que elas aprovavam minha escolha, praticamente me seqüestraram para uma despedida de solteira.
Fomos para a casa da Annia, e me assustei quando vi a sala da casa toda decorada, como se fosse um bar e tinha até um pequeno palco. Garçons sem camisa, usando gravata borboleta passavam bandejas com drinks coloridos, e vi as gêmeas junto com Geórgia e outras garotas da Avalon, empilhando presentes. Martina e Kay já estavam na pista dançando com outras convidadas e reconheci a namorada do Riven, primo do Ty, entre elas, junto com Luna e Emily, e para meu choque e espanto Cewyn, a vampira esposa de Derfel.
- Seu pai e sua madrasta sabem disso?- perguntei quando um garçom parecendo um deus de ébano, parou na nossa frente, sorrindo e oferecendo drinks sem álcool, que Evie e eu pegamos contentes.
- Claro que sim, Claire que o convenceu a nos liberar a casa hoje. Eles foram dormir fora. Papai não queria ouvir nossos gritos quando houver show dos dançarinos. Ah, e os stripers, são cortesia da minha madrasta. - disse Annia, pegando uma taça de marguerita, enquanto ríamos e todas nós batemos nossos copos para um drink : Felicidade! Sempre!- e a noite foi muito animada, e com certeza seria apenas a primeira despedida de solteira das meninas da Avalon.

Na hora do casamento, eu estava uma pilha de nervos. Quando meu pai veio me buscar e ao me ver vestida de noiva, e disse que eu estava linda, ficamos os dois com os olhos úmidos, mas nos seguramos, rindo quando ele disse que só por me ver feliz, valia a pena ser enforcado pela gravata. E quando fomos envolvidos pela música dos violinos, uma calma baixou sobre mim, e meu coração desacelerou. Nunca me senti tão tranquila em toda a minha vida. Toda a tensão me abandonou e fiquei presa nos olhos de Iago que estava muito bonito usando as roupas formais e negras. Durante a cerimônia tive que respirar fundo várias vezes para não chorar, não queria sair nas fotos de nariz inchado, mas ver minhas amigas enxugarem lágrimas discretas, acabou me fazendo chorar. Depois da cerimônia, a festa estava incrível, e rimos bastante quando nossos amigos se aproximavam fazendo questão de beijar a noiva e suas namoradas revidaram querendo beijar o noivo, deixando Iago constrangido.
Após algum tempo, ouvi a voz de Jolie no palco, convidando os noivos para a nossa primeira dança como marido e mulher. E depois nossos amigos se juntaram a nós. Foi a primeira de muitas noites felizes, em minha vida....

I have a smile stretched from ear to ear
I see you walking down the road
We meet at the lights, I stare for a while
The world around us disappears
It's just you and me on my island of hope
A breath between us could be miles
Let me surround you, a sea to your shore
Let me be the calm you seek

For I cannot find the words to say
I need you so

But everytime I'm close to you
There's too much I can't say
And you just walk away

And I forgot to tell you
I love you

Agosto de 2000

Havia acabado de chegar do trabalho e procurava algo para comer, quando ouvi a porta bater, e vozes no vestíbulo. Reconheci a voz de Iago e gritei que ele fosse para a cozinha me encontrar. Ele entrou e nos beijamos, quando o soltei vi que Ty havia entrado também e estava silencioso, mas me abraçou e notei que ele estava tenso.
- Aconteceu alguma coisa??- Iago puxou um banco e me sentou.
- Quero que você fique calma ok? Nós recebemos o patrono do Micah, depois do treino... É a Evie, ela teve o bebê.
- Como assim teve o bebê? Ela ainda está com cinco meses...O que aconteceu com eles?- perguntei nervosa e comecei a tremer, Ty disse, enquanto Iago me abraçava para acalmar minha tremedeira:
- O cordão enrolou no pescoço e o sufocou. Não houve nada que se pudesse fazer para ajudar. Era um menino. - Ty disse rouco.
- Eu quero ir ficar com ela....As meninas...Alguém precisa falar para elas... - e eu tinha lágrimas nos olhos.
Quando pudemos ver Evie, ela estava muito abalada, e chorando muito. Evie ficou dois dias no hospital e depois disso, íamos vê-la quase todos os dias, mas ela havia entrado em estado catatônico e não reagia a nada. Continuamos com as visitas mesmo assim, queríamos que ela soubesse que estávamos ali por ela e Micah, que os amávamos e os ajudaríamos a superar. Foi um período negro, mas Evie depois de tudo que passou na infância, era uma sobrevivente, quando ela se sentiu mais forte, ela reagiu e assim puderam seguir em frente.

Março, 2001

No ultimo mês da minha gestação, apesar de eu não conseguir enxergar meus pés, pois minha barriga havia crescido muito, eu me sentia muito bem. Após muitas conversas com o curandeiro que fazia meu pré- natal, eu optei por tirar licença do trabalho somente na semana do meu parto, não havia necessidade de sair antes, pois tudo estava pronto, e como eu havia ganhado muitas roupinhas de bebê de Evie, e também comprei muita coisa linda para o bebê. A escolha dos nomes foi interessante, pois todos deram sugestões, desde nomes para meninas quanto para meninos. Elena, que já estava com onze meses, e dava seus passinhos incertos, crescia linda e muito fofa. Quando me via, sempre abraçava minha barriga, dando oi para bebê e ele devia gostar dela, pois se mexia bastante.
Eu havia terminado meus relatórios pela hora do almoço, e senti vontade de comer um sanduíche no lado trouxa, num restaurante da Subway, antes de ir ao médico para a visita da semana, quando senti uma dor forte na minha barriga e me senti nauseada. Comecei a ver bonequinhos pretos dançando na minha frente, e me encostei na parede para me equilibrar, respirando calmamente.
Não poderia conjurar um patrono na parte trouxa, sem gerar pânico então resolvi voltar o mais rápido que meus pés inchados permitissem para a parte bruxa, e quando atravessei a barreira para o nosso mundo, já estava perto do hospital onde encontraria ajuda.
Entrei na recepção e a recepcionista ao me ver pálida e suando em bicas, apertou um botão e veio com uma cadeira de rodas para ao meu lado. Fui levada para uma sala de exames, e ligada a vários monitores, logo um curandeiro jovem veio me examinar. Disse a ele quem era o meu médico, e pedi para chamarem Iago, pois queria um parto normal.
Ele me examinou e ao verificar que minha pressão estava alta, e eu estava entrando no estágio de pré-eclampsia , disse que não daria para esperar por um parto normal, e que ele faria uma cesariana de emergência e não havia muito tempo, pois o monitor indicava que meu bebê estava sofrendo.
Mandei meu patrono para Iago e meus pais, e logo era encaminha à sala de cirurgia, onde tudo foi muito rápido. Quando ouvi o choro do bebê, e o medico dizer que ele estava bem e me mostrar uma criança gritando a plenos pulmões com um monte de cabelos pretos, e quando ele parou por instantes, vi que ele tinha os olhos azuis. Do lado de fora começou uma agitação, porém a anestesia estava me deixando com muito sono....Antes de fechar os olhos, vi Iago entrando na sala, com um avental cobrindo parcialmente o uniforme do time, e vir para o meu lado com um olhar assustado no rosto, sorri fracamente e disse para ele:
- Fica com o Gregory...- e apaguei.
Acordei algumas horas depois ouvindo um choro fraco e quando abri os olhos Iago já estava com o bebê no colo e o ninava falando baixinho, e me pareceu que o bebê estava gostando, pois ficou mais calmo. E olhar para aquele que era conhecido nos campos de quadribol como ‘A Fera’, cuidando de uma pessoa tão pequenina com tanto cuidado e amor, me fez lembrar de um comentário de Evie, de tempos atrás:
- ...’e a Bela domou a Fera e eles viveram felizes para sempre...’- as coisas foram difíceis, mas no fim das contas, eu havia conseguido o meu final feliz.

N.Autora: trechos da música, I love you, Within Temptation