quinta-feira, 5 de novembro de 2009


Agosto de 2012

- Olá Milla! Há quanto tempo.

Ouvi uma voz que há anos não ouvia e levantei os olhos do relatório que eu escrevia sobre ter conseguido espantar um rabicurto de uma propriedade em Plevem. Como tive que usar um dos dos sabujos albinos do Ministerio, eu era a encarregada do relatório final.
- O que você faz aqui, Luka? Não temos nada a conversar.- disse tensa.
Olhei ao redor e vi que tinha mais dois colegas de departamento em suas mesas. Qualquer coisa poderia pedir ajuda a eles.

Desde quando eu me tornei uma covarde?

Ergui o queixo e o encarei. Fazia uns cinco anos que Luka havia falado comigo, quando foi até a minha casa, logo após sair de Numengard, inocentado pela morte do pai dele. Como ele já havia cumprido a pena por ter usado a poção Amortentia em mim, ele foi solto. Logo que ele se viu livre, assumiu a herança dos pais, viajou pelo mundo, segundo os relatos de minha mãe, e agora ele estava na minha frente, bem vestido e todo perfumado, como se estivesse indo a um encontro.
- Sei que não devia ter feito o que fiz, mas eu paguei pelo meu crime, estou recuperado...
- O discurso é bonito, mas nunca vou esquecer o que você me fez. Você tem noção de que podia ter me matado? Não,claro que não. Você não tem idéia do quanto eu fiquei doente... – e minha voz estava soando estridente e meus colegas de departamento se viraram para nós, mas Luka disse baixo:
- Milla, eu sei que você nunca vai me perdoar, mas eu não vou usar muito do seu tempo, eu só quero te pedir um favor.
- Só isso? - ergui minha sobrancelha irônica e ele continuou:
- Eu sei que não tenho o direito de pedir nada, mas eu quero conhecer a Elena. Ela é a única família que me sobrou eu gostaria de fazer parte da vida dela. E acho que ela também tem o direito de conhecer o irmão da mãe dela. – e ele pegou uma foto que estava na minha mesa onde estavam meus garotos e minha sobrinha, durante as férias de verão.
- Agora Luka? Um pouco tarde para bancar o tiozão não é?
- Depois que saí da prisão, eu precisava de um tempo, não teria sido uma boa companhia, ainda mais para uma criança.- ele disse e como eu ficasse quieta, ele continuou:
-Ela é linda e cresceu tanto! Está com 12 anos não é? Está estudando aonde? – ele disse e pelo calor na voz dele, dava até para pensar que ele se importava com ela.
-Ela tem 12 anos, está em Durmstrang, é da Othila, e é muito feliz. Você deveria entrar em contato com Yuri, ele é o pai e é quem deve decidir se conhecer você, será bom para ela ou não. Você não deveria ter vindo me procurar.- disse tentando faze-lo ir embora.
- Sei que não, mas eu sei que na minha última visita á sua casa eu te assustei e aos seus filhos também...Quem diria você se tornou mãe, nem parece que teve dois meninos, e são tão grandes... Continua linda... - o olhei feio.
- Desculpe, não devia ter dito isso. – e quando fui pegar a foto da mão dele, ele segurou minha mão e disse olhando-me nos olhos:
- Eu peço perdão Milla, por tudo, por ter agido como agi, mas eu estava totalmente apaixonado por você, e depois da briga com o meu pai, perdi o rumo...Você tinha alguma coisa que me deixava maluco, e perder você, era mais do que eu podia suportar... E também havia aquele outro assunto, eu não tinha muita noção de certo e errado, achava que podia fazer tudo sem pensar nas consequências. - e me lembrei que ele se referia à Sociedade Secreta e ao pai da Evie.
- Por favor, peça ao Yuri para pelo menos, conversar comigo e me dar uma chance. Ele devolveu todas as cartas que mandei a ele.- o olhei curiosa, porque meu irmão não havia comentado nada comigo sobre isso.
- O que posso fazer é pedir ao Yuri, que pelo menos converse com Elena sobre você, e eles decidirão o que for melhor.Mas isso não significa que você vai fazer parte de minha vida está claro? – falei o mais calma possivel.
- Sim, está claro. Obrigado Milla, você não sabe o quanto isso me dá esperanças. Até breve. – e foi embora. Só depois de alguns minutos, eu consegui soltar o porta retratos, e coloca-lo no lugar. E voltei ao meu relatório.

Na rua, fora do Ministério Bulgaro, Luka Ivanov, respirou aliviado. Se havia uma lição que ele havia aprendido em Numengard, era que a paciencia era não só uma virtude, mas uma arma poderosa que quando bem utilizada, poderia fazer ruir castelos. E ele havia se tornado um homem muito, mas muito paciente.

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- Não acredito que você cogite a possibilidade de conviver com ele.- disse Evie.
-Ele não tinha nada que ir falar com você, ainda mais depois do que fez...’Paguei pelo meu crime’. Que cínico. – bufou Vina.
- Acho que você deveria pedir uma ordem de restrição contra ele, Milla, isso o manteria afastado. – disse Nina séria e Annia completou:
- Não acho seguro que ele fique perto da Lena, ela vive grudada com os primos...Ele pode ser má influência.
- Não posso pedir uma ordem restritiva se ele não fez nada. Estava no Ministério onde qualquer um pode entrar e ele não me agrediu de forma alguma. E se eu fizer isso, vou chamar mais a atenção sobre mim. – e ao ver o olhar incisivo delas, eu disse:
- Não! O Iago não sabe. E se souber, é capaz de ir atrás dele. Não quero que Micah tenha que prender meu marido por assassinato. – disse baixo enquanto conversava com as minhas amigas, na cozinha de minha casa enquanto nossos maridos e filhos estavam na sala, jogando Imagem e Ação, e fazíamos sanduiches para o lanche.
Era um dos encontros que conseguiamos ter durante o ano, quando a agenda da cheia de Evie permitia, e tanto Vina e Nina conseguiram folga em seus plantões. Então resolvemos nos juntar em minha casa e fazer um dia de jogos, como faziamos na nossa república.
- Yuri, conversou com ele e vai deixar que Elena o conheça na época das festas de final de ano. Pelo menos será supervisonado, não correremos o risco dele tentar alguma coisa por nossas costas. – disse séria.
- E você não tem medo que ele descubra? Qualquer um com um pouco de cérebro e saiba fazer contas, saberia, só de olhar para o... – começou Annia e a cortei:
- Tenho um pouco de medo sim, mas nós não vamos conviver, pedi a Yuri que se quiser que Lena conheça o tio, ele o receberá em sua casa, Luka não vai ter que esbarrar comigo, assim não chegará perto dos meus filhos.
- Não gosto disso, ele não é de confiança, mas espero que tudo dê certo. – disse Nina preocupada e não pôde dizer mais nada porque Greg entrou correndo na cozinha junto com Ivan, Eduardo, filho de Evie e com Darryl e Oliver, filhos de Annia, e reclamavam de fome. Não demorou muito e levamos bandejas cheias de comida e refrigerantes para a sala, para continuar com os jogos e o bate papo, mas às vezes eu me sentia apreensiva, talvez fosse a minha imaginação, mas desde que Luka apareceu no meu trabalho, eu andava com medo de perder a minha familia.

It's in your eyes what's on your mind.
I fear your smile and the promise inside.
It's in your eyes what's on your mind.
I fear your presence, I'm frozen inside.
Inside.

I just have to know while I still have time:
do I have to run or hide away from you?


N. Autora: A Dangerous Mind, Within Temptation