quinta-feira, 23 de agosto de 2007


-CASA O'HARA WEASLEY.

Gritei bem alto ao jogar o pó de Flú na lareira de casa e iniciar a viagem para a Irlanda. Papai havia conseguido conectar nossas lareiras para facilitar e me fazer ganhar tempo. Enquanto eu sentia a pressão e mantinha a boca bem fechada para não aspirar as cinzas, ia vendo lareiras desconhecidas passando na minha frente. Após um tempo que eu considerei longo, cheguei ao meu destino e quase fui ao chão, tamanha a velocidade que as chamas me jogaram para fora da lareira. Um par de mãos fortes me ergueu dizendo:
-Finalmente chegou maninha, pensei que teria que ir te buscar. Que saudades. - e Yuri me abraçou sorrindo.
Abracei-o e após espanar minhas vestes um pouco, olhei ao redor. Estava numa cozinha enorme, na lareira atrás de mim cabiam tranquilamente 2 ou mais bruxos de pé, haviam uma mesa posta para refeições e um casal ruivo lutava para alimentar dois bebês de fartos cabelos avermelhados sentados num cadeirão. Um pouco afastado havia uma jovem bonita, com cabelos escuros, e ao seu lado um rapaz com feições parecidas, ambos sorriram simpáticos.
- Bem o Carlinhos você já conhece (acenei para ele que retribuiu antes de desviar de uma papinha cuspida pelo menino), esta é Morgan a esposa dele, e seus filhos: Johnny e Izzie... (os bebês ao ouvirem seus nomes fizeram aqueles barulhos típicos de bebês e demos risada). Estes são John e Mary Mckellen, estão nos ajudando aqui por uns tempos.
- Olá a todos! Obrigada por me receberem. - e a ruiva se levantou vindo em minha direção. Estava descalça, usando jeans e camiseta, tinha uma pele bem clara, olhos extremamente verdes, e cabelo marrom avermelhado preso num rabo de cavalo.
- Yuri fala muito bem de você e como ele nos disse que você era doida para conhecer nossos dragões, pedimos que a convidasse. Sinta-se a vontade. Venha vamos comer. Sentei-me na mesa e Morgan, colocou na minha frente um prato com bacon fatiado, lingüiça de porco, ovos, panquecas, e pudim preto. Na mesa ainda tinha torradas quentes, chá café e pudim de aveia regado com melaço.
- Pode comer sem medo, não fui eu que fiz. – disse olhando para Carlinhos que sorriu e mandou um beijo para ela e os outros começaram a rir.
Embora eu tivesse tomado café antes de sair de casa, o cheiro de toda aquela comida me abriu o apetite e comecei a comer enquanto conversávamos.
- Onde está Irina?
- Está terminando a ronda ao redor da Ilha junto com Nicolai. O nosso turno começa quando eles chegarem para dormir.
Continuamos a conversar e descobri que John e Mary eram sobrinhos da auror McGregor que havia ajudado a defender a Ilha de ataques durante os eventos da guerra. John era tímido e Mary bem falante. Ela e Morgan se davam bem, e ás vezes Carlinhos olhava meio perdido para a mulher tamanha a quantidade de informação que elas trocavam. Notei também o jeito que Mary ria e olhava para meu irmão enquanto ele estava ocupado ouvindo alguma coisa que Carlinhos falava e quando Mary se distraía, era Yuri quem a olhava. Numa destas observações olhei para John e ele após olhar para meu irmão e a irmã dele, fez sinal afirmativo. Sorrimos cúmplices e Yuri e Mary ficaram curiosos com nossa reação, mas continuamos a comer calados.
Após algum tempo Carlinhos falou, enquanto segurava a pequena Izzie no colo:
- Yuri, se sua irmã não estiver cansada, você poderia levá-la para o lado leste da Ilha, os filhotes de lá já nasceram e as fêmeas não oferecem tanto perigo. Eu e John circularemos a Ilha e Morgan vai com a Mary cuidar do lado Oeste. Temos uma encomenda de escamas de dragão para o St. Mungus. Após pegar uma das vassouras do depósito, fui com Yuri checar o lado Oeste da ilha e o que mais me espantava era a beleza selvagem do lugar, árvores centenárias, rodeavam riozinhos escondidos, onde as margens eram cheias de flores. Víamos pequenos animais, se escondendo de nossa sombra no céu, após algum tempo de vôo comentei:
- A Mary é uma garota diferente. Imagina, depois de tudo que a família passou, voltar aqui para ajudar a Morgan, pois foi gente para o trabalho. Isso é muito legal da parte dela.
- Sim, demais.
Como ele não dissesse mais nada eu insisti:
- Ela é especial não? Cresceu perto de Loch Ness, deve ter muita coisa para ensinar.
- O que quer saber Milla?
- Notei o jeito que você olhava para ela, quando achou que ninguém observava.
- Ela é muito jovem. - ele respondeu desviando os olhos dos meus. Suspirou e continuou: - Ela vem de família rica. Os pais trabalham com exportação. Mary é uma moça que merece muito mais do que posso oferecer.
Olhei para ele e pela primeira vez vi seus ombros caídos, e me dei conta da verdade:
- Yuri você está apaixonado?
- Não estou não.
- Está sim. Ai que lindo, meu irmão tá apaixonadinho. - caçoei e ele riu dizendo:
- Namorar o Karkaroff te deixou de miolo mole. Aliás, como ele está? Mamãe ainda não o mandou para o mármore do inferno?
- Não, mas vive olhando-o de cara feia. Por sorte Iago teve um treinamento intensivo com o pai dele para ter medo dela, mas eu é que fico constrangida. Ficamos conversando, pondo nossos assuntos em dia, e nos outros dias, estabelecemos a nossa rotina. Nem parecia que eu havia acabado de conhecer aquele lugar.
Havíamos passado o dia fazendo uma contagem de dragões e ovos, no lado leste, e já era hora de voltarmos, quando vimos faíscas vermelhas no céu.
- Vamos, é no lado Oeste, Morgan precisa de ajuda.
Voamos o mais rápido possível e começamos a ver ao longe chamas altas no céu. Quando nos aproximamos vimos o motivo de tanta agitação. Um enorme dragão lançava labaredas e agitava as asas arrancando o que estivesse no caminho. Mary se aproximou, e vimos que seu braço estava machucado, mas ela parecia não se dar conta disso, foi logo dizendo:
- Este dragão não é daqui, fez um ninho, e pelo jeito está faminto. Morgan acha que está cego, porque ele lança os jatos a esmo, ela quer que você a ajude a imobilizá-lo, para que ela possa examinar melhor.
Meu irmão olhou para o enorme dragão e disse:
- Milla se precisarmos usar feitiços mire no meio dos olhos ok? É o local mais vulnerável nos dragões. Mary quero que fique aqui junto da minha irmã.
- O que você vai fazer? – ela perguntou preocupada.
- Vou me aproximar o máximo que puder, e lançar um Confundus nele. É o que a Morgan ta tentando fazer não é?- e vimos que ela voava cada vez mais perto do dragão.
- E se isso não der certo? O que faremos?
- Voltamos amanhã, com mais gente e damos um jeito nele. Logo vai anoitecer e ele vai dormir.
Yuri voou mais perto do dragão e logo ele e Morgan voavam o mais perto que podiam. Mary e eu o olhávamos preocupadas, em dado momento vimos um jato prateado sair da varinha de Yuri, e o dragão ficou meio sem saber o que fazer e abriu as asas. Morgan desviou e se aproximou mais lançando outro feitiço. Meu irmão começou a conjurar cordas e Mary, cansada de olhar sem fazer nada, fez o mesmo, eu a segui e comecei a ajudar. Conseguimos nos aproximar, enquanto Morgan e Yuri iam forçando o dragão a se deitar no chão. Aproximamo-nos e ouvimos Morgan sussurrando um idioma estranho, enquanto o acariciava gentilmente para acalmá-lo, o dragão exibia muitas cicatrizes no dorso, e parecia ser bem velho. Mary após ouvir o que Morgan dizia passou a repetir e o dragão foi se acalmando. Após algum tempo, Carlinhos chegou e se juntou a nós nos cuidados com aquela fera, que embora muito castigada, era fantástica.
- Este é o dragão que o Harry falou? O que guardava Gringotes? - Carlinhos perguntou,
- Creio que sim: tem o tamanho aproximado, está cego, e tem muitas cicatrizes. Veja tem uma coisa de ferro prendendo o pé dele. – e ela apontou a varinha soltou o pesado grilhão de ferro. Ao final meu irmão e John trouxeram alguns cervos mortos e os deixaram próximo do dragão. Foi um trabalho exaustivo, Mary, John e eu, estávamos suados e cansados. Morgan, Carlinhos e Yuri transpiravam bastante com o calor que fazia.
Levantamos vôo e Morgan desfez os feitiços que prendiam a fera. Ela se levantou rápido e farejou o ar, sentiu o cheiro de comida e foi para o banquete. Após algum tempo vendo o animal estraçalhar a carne, Morgan disse:
- Vamos ter que incluir nas atividades, trazer caça para ela. Se a deixarmos sem supervisão ela vai destruir a floresta e provocar briga com os outros.
- Já temos muito trabalho acumulado... Não sei se é viável ela permanecer aqui. Talvez tenhamos que sacrifica-la. – disse Carlinhos.
- Não vamos sacrifica-la, ela pode viver aqui. Veja, eu pego os animais para ela, coloco isso como atividades minhas, sei que você tem um monte de coisas para fazer. – Morgan respondeu, empinando o queixo.
- E você vai fazer isso quando? Durante suas horas de sono? Tem dias que você mal consegue se manter acordada. – ele rebateu.
Vendo que os ânimos estavam esquentando Yuri fez um sinal com a cabeça e eu, Mary e John começamos a voar de volta para casa.
- Eles vão brigar? – perguntou John.
- Um pouco, mas depois eles vão arrumar uma solução para o novo membro da família. Nunca vi Carlinhos recusar um animal e Morgan sabe como convencer o marido a fazer o que ela quer.
- Sei, e se não convencer? O Carlinhos me pareceu bem firme em seus argumentos. - Mary disse.
- Se ela não o convencer por bem, alguns dias dormindo no sofá o convencerão. Ela já usou esta tática antes, e funcionou. Aquela garota com cara de boazinha sabe como controlar aquele ruivo esquentado. – quando chegamos, ele puxou Mary para cuidar do braço dela, eu e John vamos cuidar de nossas tarefas e os deixamos sozinhos.
Naquela noite, após o jantar Morgan queria dançar para comemorar a chegada de Gaia, era o nome que ela escolheu para o dragão, e nos arrastou a todos para o vilarejo, a tia dela Bertha iria ficar com os bebês, junto com o elfo doméstico mais arrumado que já vi. Fomos a um pub com música ao vivo, e logo estávamos dançando e bebendo cerveja amanteigada. Irina chamou meu irmão para dançar e ele foi. Nicolai puxou Mary e eu olhei para John, levantando as sobrancelhas, ele deu risada e me estendeu a mão. Fomos para a pista e mesmo me divertindo muito, acabava lembrando da saudade que sentia de Iago. Queria que ele pudesse estar aqui. Depois de algum tempo, notei que Yuri e Mary dançavam de rosto colado e Nicolai dançava com uma Irina de cara amarrada. Quando voltamos para casa, pude ver Mary e Yuri andando de mãos dadas, e trocando segredos. Fiquei feliz por eles, mas infelizmente Irina não compartilhava da minha opinião.
No dia seguinte, ao ser informada que Yuri e Mary fariam as rondas juntos, pediu demissão e nem se importou em conversar com Carlinhos. Morgan que foi ao quarto dela e acertou as coisas. Juro que esperei ouvir o som de coisas se quebrando, mas se Morgan sabe como controlar um dragão de 10 metros, Irina não teria a menor chance com ela. Como o serviço na Ilha era muito, me ofereci para ficar ali até que arrumassem outra pessoa, era o mínimo que poderia fazer para ajudar. Carlinhos agradeceu e insistiu que eu deveria receber um salário, igual à Mary e John. Fiquei tão contente, era a primeira vez que receberia pagamento para fazer algo de que gosto. Gostaria que as minhas amigas e Iago pudessem ver isso.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007


Após a carta de Yuri e de conversar com meus pais pude mandar uma resposta avisando quando poderia ir encontrar meu irmão na Irlanda. Iago estava para voltar da viagem dele á Grécia e eu esperava que isso ocorresse antes de eu viajar. Estava arrumando a minha mala quando ouvi uma batida na porta e minha mãe entrou com ares de poucos amigos:
- Aquele seu namorado está aí.
Desde que eu havia começado a namorar Iago, minha mãe sempre fazia algum comentário depreciativo, e acabávamos brigando. Mas hoje eu estava bem humorada para me importar com isso.
- Jura que ele voltou? Estou morrendo de saudades. - e comecei a me olhar no espelho pra ver se estava bem.
- Não sei por que você se arruma tanto, ele me parece tão comum.
- Mãe, não entendo porque você não gosta do Iago, ele é gentil, educado, e gosta muito de mim.
- Não vou discutir seu gosto por garotos, mas você sabe que me faria muito feliz se namorasse o Luka. Dania e eu sempre sonhamos com isso quando vocês eram pequenos.
- Mamãe... Este era um desejo seu e de tia Dania, não é o meu e nem o do Luka. E o dia em que ele e eu namorarmos pode me internar, porque eu vou estar muito doente. E você sempre me ensinou a dar chance às pessoas sem julga-las. Você não pode fazer isso com o Iago? Yuri e papai também gostam dele. - apelei e vi que minha mãe vacilou.
- Bem, não vou insistir neste assunto. Mas sei que um dia você vai me dar razão.
Sacudi a cabeça, desistindo de argumentar e desci as escadas indo ao encontro dele. Quando faltavam 3 degraus pulei no colo dele e ele me abraçou apertado:
- Que saudades Lud. Achei que estes dias longe de você não iriam acabar nunca.
- Ah é? Não acho que foram tão ruins assim. Você está bronzeado, os ares do Mediterrâneo lhe fizeram bem. Para quem sentiu saudades está muito bonitão. – disse fazendo beicinho e ele disse:
- Bem o único modo de estar perto de você e matar as saudades, era olhar aquele mar azul e profundo como os seus olhos, e sentir o sol quente como seus beijos em minha pele. Isto me fazia enfrentar os dias solitários.
- Uau! Apesar de piegas, está quase me convencendo a acreditar em você huahuahua
- A minha prima adora ler aqueles romances bem açucarados, e um dia rimos muito quando ela recitou toda melosa a fala do mocinho. Venha ver as fotos da minha família.
Ficamos vendo as fotos que ele havia tirado e conversando. Disse a ele que iria viajar para a Irlanda por uns dias para visitar Yuri e ele ficou todo contente por mim. Como minha mãe desceu as escadas e ficou olhando esquisito para ele, saímos de casa.
Estava tudo mais intenso, eu sentia minhas pernas vacilarem com o jeito que ele me abraçava, beijava, porém ele ia até um certo ponto e parava. Às vezes me sentia frustrada e talvez eu demonstrasse isso, porque ele voltava a me beijar de forma a não conseguir pensar direito. Mal olhávamos para onde íamos tamanha era a urgência em estar junto. Rir de coisas que só nós achávamos engraçadas, ficamos por ali e não demorou muito tempo Luka apareceu e veio em nossa direção:
- Olá Karkaroff, andou sumido. Milla. - e acenei em direção a ele.
- Estive na Grécia por uns dias. – Iago respondeu.
- Deve ter sido divertido. Por sorte eu e Milla arrumamos coisas interessantes para fazer por aqui. – notei quando Iago ficou rígido.
- Nem tanto Luka. Aqueles seus amigos foram bem desagradáveis. Espero não vê-los mais em minha vida. – e começamos a contar ao Iago sobre os amigos de Luka e demos risada de coisas que haviam acontecido conosco nos dias que andamos saindo para ir ao parque ou mesmo, quando Luka ia até a minha casa para me irritar. Após algum tempo, Luka resolveu ir embora e voltei-me para Iago:
- Que bom que ele foi embora. Já não agüentava mais. Senti tanto a sua falta. – disse e passei a mão por seu queixo e notei que estava áspero.
- Começo a duvidar disso. Você teve muita atividade com o Luka, nestes dias que fiquei longe. Quer dizer, que ele até ganhou um bichinho para a "garota dele".
- Iago você está com ciúmes? Por quê?- e minha boca começou a tremer, pois eu queria rir, fiquei esperando que ele risse comigo, mas isso só o fez ficar mais irritado.
- Porque enquanto eu estava fora, a minha namorada ficou saindo com um cara conhecido pelas conquistas, e os outros ficaram achando que ela era namorada dele. Porque você e Luka ficavam dando risadinhas bestas enquanto falavam das coisas "chatas" que fizeram juntos. Acho que estes são bons motivos para eu ficar com ciúmes.
- Iago, eu conheço o Luka desde criança, não temos nada a ver um com o outro. Não tínhamos nada para fazer, estávamos entediados... E você também se divertiu nesta sua viagem não é? Pelas fotos havia muitas garotas lá e você não me pareceu infeliz.
- Eram minhas primas, nada a ver. - disse como se isso encerrasse o assunto.
- Ah sim, você pode sair com garotas lindas, usando trajes minúsculos de banho, e eu não posso pensar nada de mal, não senhor. E como não estávamos juntos eu tinha que ficar em casa trancada, esperando por você? - Ficamos nos encarando por um tempo e ele disse:
- Ele quer você.
- Eu não sou uma coisa para ele "querer". ¬¬
- Ele gosta de você, sei o que eu digo.
- Acho que estar aqui com você, mostra quem eu prefiro não é?
Como continuasse de cara amarrada, eu resolvi ir embora:
- Vou para casa terminar de arrumar a minha mala, saio cedo amanhã para ir visitar meu irmão. Antes que eu desse dois passos para ir embora, ele me puxou para ele dizendo rápido:
- Desculpa. Fui um idiota inseguro. Eu te amo demais, e isso me deixa sem saber como reagir quando eu acho que posso perder você.
Olhei para ele de olhos arregalados, e senti minha boca seca.
- Er... Hmmm, Iago eu... Não sei o que dizer... Você não vai me perder.
- Você não precisa dizer que me ama, só porque eu disse primeiro. Só queria explicar o porquê dos meus ciúmes exagerado. Sei que gosta de mim, estar com você me prova isso.
Acabamos nos beijando, fazendo as pazes por uma briga que nem devia ter começado, mas alguma coisa estava mudada.
Eu o olhava de modo diferente agora. Ele havia mudado nestas férias, não só fisicamente, o jeito de menino grande havia sumido, parecia mais maduro, estava exigente no modo que me tocava, mas ao mesmo tempo que eu gostava disso, eu não sabia se estava pronta para acompanhar as mudanças. Estava me sentindo assustada.

'Cause you give me something
That makes me scared, alright,
This could be nothing
But I'm willing to give it a try,
Please give me something
'Cause someday I might know my heart

You give me something – James Morrisson

quarta-feira, 1 de agosto de 2007


"Querida maninha...
Sei que você deve estar estranhado receber uma carta como esta, mas é pela nossa segurança, uma vez que o correio coruja pode ser interceptado, porém segundo Alex McGregor, uma auror do Ministério francês, que é muito amiga da Morgan e do Carlinhos, o correio dos trouxas seria o último lugar a ser invadido pelos partidários de você sabe quem, então ela nos aconselhou a enviarmos cartas à maneira deles, mesmo que demore um pouco.
Irina se divertiu muito colando selos na carta dela, de modo a parecer um daqueles álbuns de figurinhas sabe? Foi muito engraçado ver a cara espantada do homem do correio quando disse que a carta dela poderia dar a volta ao mundo umas 4 vezes, e ainda sobraria troco. Cheguei a pensar em lançar um Confundus nele, para que parasse as perguntas quando ele disse, que a melhor maneira de se enganar o inimigo é fortalecer aquilo que ele mais odeia e piscou.
Mais tarde Morgan explicou que aquele funcionário do correio é o pai de um aluno da escola irlandesa de magia, e um dos vários aliados que apoiavam a luta contra você sabe quem. Fiquei muito preocupado quando as noticias do ataque chegaram aqui, mas antes que eu pensasse em partir papai entrou em contato comigo dizendo que você e todos os alunos estavam bem. Infelizmente sofremos um duro golpe, quando o marido da Alex foi morto. No primeiro momento não sabíamos o que fazer, até que a própria Alex disse que tínhamos que continuar a proteger a Ilha, e foi o que fizemos. Espero que eles não voltem, ou vão prejudicar a fase de reprodução dos dragões.
Morgan e Carlinhos disseram que se você quiser vir para cá, o convite está feito, basta nossos pais aprovarem e te garanto minha irmã, que apesar do medo que esta guerra tem trazido vai valer a pena você conhecer as Ilhas Hébridas.
Abrace nossos pais por mim e dê um alô para o Iago.
Do seu irmão favorito
Yuri"

Reli pela vigésima vez a última carta que Yuri me mandou e guardei-a no meu livro. Isso foi há mais de um mês atrás e ficava preocupada com a ausência de noticias. Minha mãe também estava tensa, mas papai dizia que noticia ruim chega logo.
Já havia passado e muito da hora de levantar, mas eu estava de férias. Luka não aparecia há alguns dias e Iago, estava se divertindo na Grécia. Ficava pensando o que ele estaria fazendo de tão divertido longe de mim, numa terra cheia de garotas bonitas.
"Pára de pensar besteira Ludmilla, você confia nele".
Resolvi descer para comer alguma coisa na cozinha, pois meus pais estavam fora. Papai havia ido para o Ministério ainda de madrugada e mamãe foi chamada na escola para uma reunião de emergência. Peguei o que eu mais gostava de comer pela manhã da geladeira e comecei a comer. Nem me levantei quando ouvi uma batida na porta e ela se abriu. Não demorou muito e Luka entrou na cozinha:
- Bom dia Milla.
- Oi. - respondi e continuei a comer, ignorando a careta que ele fez;
- Como você consegue comer pizza fria a esta hora da manhã?
- Simples: jogo catchup nela e mastigo. E você não veio aqui para criticar o meu café da manhã. Diga logo o que quer e vai andando. – respondi enquanto pegava uma xícara de café puro.
- Nossa que mau humor. Se eu não a conhecesse diria que esta é a sua verdadeira personalidade. - e antes que eu o respondesse, ele disse em tom casual:
- Estamos com visitas em casa. São filhos de uns amigos do meu pai, de Paris.
- Legal. – e continuei a comer.
- Você tem tido notícias do Yuri?
- Não.- respondi depois de engolir, e voltei a morder a pizza.Como eu continuasse a comer calada, ele disse:
- Você podia aparecer lá em casa. Eles são legais. - e como eu tinha a aparência de quem não iria se mover por pelo menos mais dez minutos, ele pegou uma xícara de café e começou a andar impaciente pela cozinha. Sorri internamente, era só esperar, a explosão.
- Ok não agüento mais. Eu preciso de ajuda. Aqueles dois irmãos são uns porres, e se você não me ajudar eu vou fazer picadinho daqueles dois e jogar aos porcos.
Comecei a rir e disse:
- Eles não podem ser tão ruins assim, você esta exagerando.
- Não estou e posso provar. Vem passar o dia comigo. - levantei uma sobrancelha e ele se corrigiu:
- Com a gente. Podemos jogar tênis, nadar, fazer qualquer coisa. E a noite, poderíamos ir dançar, o que acha?
- Não sei Luka, a gente nunca consegue ficar muito tempo junto sem brigar. E você tá me convidando pra um programa de índio.
- Eu não vou brigar com você por um bom tempo, desde que você me ajude a passar por esta provação. - e ele tinha um jeito tão desesperado, fiquei com pena e disse:
- Tudo bem. Não acho que seus amigos sejam tão ruins assim.

o-o-o-o-o-o-o-o-o

Realmente os filhos do amigo do pai do Luka eram extremamente mimados, egocêntricos e dignos de serem jogados do precipício, tamanha era sua antipatia.
- Ah, este calor é horrível e esta piscina é tão pequena... Nade mais longe Gus, assim você vai estragar o meu cabelo. Tem certeza que esta água é mineral? Água de torneira faz meu cabelo esverdear... Luuuke, chérie... passa protetor solar em minhas costas??? Acha que já fez marquinha? Não quero ficar feia. – perguntou e quase deixou a parte de cima do biquíni cair. Luka riu, eu não sabia se era constrangimento ou porque estava gostando. ¬¬ E não sei como uma piscina olímpica pode ser pequena, acho que ela devia se atirar no lago, já que quer espaço.
A garota Savannah, agia como se fosse uma rainha e o que mais me irritava: fazia aquele ar de menina travessa, mexendo as pestanas, de um jeito muito afetado para impressionar o Luka, e o irmão dela, o tal de Gus, era do tipo que pensava que todas as garotas se atiravam aos pés dele. Ambos eram loiros de olhos verdes, e não podiam passar em frente ao espelho sem dar uma olhadinha e mexer no cabelo.
- O que uma garota bonita como você faz perdida nesta terra isolada?
- Não estamos tão isolados assim, temos água encanada e mastigamos de boca fechada. – respondi seca e ele riu e mergulhou. Ajeitei meus óculos escuros e deitada na bóia e de repente fui jogada dentro da água, e ao gritar engoli água. Savie gritou e se jogou em cima do Luka para se proteger.
Gustave começou a rir e contei até 10, não iria fazer uma cena, pois estava de bom humor e joguei água nele dizendo:
- Seu tonto.
- Ludmilla, seu cabelo vai ficar destruído. Ele já está com umas pontas duplas, imagina se molhar nesta piscina. - disse Savannah maldosa, pois Luka estava olhando a minha brincadeira de mergulhar e jogar água em Gustave. Parei por alguns segundos e disse:
- Você não aprendeu que loiro natural não fica verde Savie? Eu posso ficar tranqüila. – Luka engasgou com o suco e ela me olhou feio. Logo era hora de nos trocarmos para jantar e irmos na boate do vilarejo. Tá que a tal boate, não era um destes lugares que apareciam nas revistas, mas a comida era boa e o DJ, sempre procurava trazer novidades.
- Vocês chamam a isso de boate? Os cavalos da minha escola em Paris se divertem mais nas baias. - ela resmungou e eu não resisti:
- Jura? E você já dançou com eles?- antes que ela respondesse Luka a levou para a pista, pois já havia percebido minha falta de paciência. Comecei a dançar com Gustave e ele sempre que podia, tentava dançar de corpo colado, mesmo as músicas agitadas, e eu só ia me afastando, vi que ele esvaziava os copos de bebida rapidamente.
Em dado momento ele tentou me beijar, e eu pisei no pé dele. Ele pareceu não se incomodar e disse:
- Sabe muitas garotas se matariam pra ganhar um beijo meu, porque você se faz de difícil?
- Eu já tenho namorado. Dispenso seus beijos.
- Ah é? E porque ele não está aqui? – e me segurou com força, torcendo meu braço para trás.
- Tire a mão de cima dela Bouvier. - a voz de Luka se fez ouvir ao nosso lado.
- Qual é Luka? Estamos nos divertindo, não é gracinha?
- Vai ousar me desobedecer? Sabe que as conseqüências podem ser terríveis. – disse friamente e as pessoas que estavam perto de nós, começaram a se afastar. Era estranho ver o jeito que o Luka falava com ele, pois Gustave após rir alguns segundos percebeu que a coisa estava ficando séria e me soltou:
- Agora você vai pedir desculpas para ela. - Luka continuou no mesmo tom gelado e Savie quis interferir:
- Ah Luke, não precisa ficar nervoso, Gus estava brincando... - ele nem se virou para dizer:
- Prefiro que você fique calada Savannah. – e para meu espanto a garota ficou muda. Gustave após uma troca de olhares com Luka e com Savannah, murmurou:
- Desculpe, eu fui um idiota. – assenti e Luka pegou no meu braço:
- Vou levar você para casa, tio Goran vai brigar conosco se você chegar tarde.
Fomos andando para minha casa e Gustave e Savie, iam atrás de nós calados. Nem ousei falar nada, pois minha cabeça girava cheia de perguntas. E Luka estava sério, parecia fazer força para manter o controle. Despedi-me deles e antes de dormir, não pensei mais sobre o ocorrido.
No dia seguinte, fui até a mansão Ivanov, desejar boa viagem aos irmãos Bouvier, antes que Gustave pusesse seus óculos escuros, vi uma mancha arroxeada embaixo de seu olho. Ele ficou constrangido quando me viu olhando-o e foi logo para o carro. Luka e eu acenamos, e eles partiram. Antes que eu dissesse alguma outra coisa Luka falou irritado:
- Você precisa parar de dar bola para tipos como Gustave, nem sempre vou estar por perto, para te salvar. - ele falava como se eu tivesse me atirado pra cima do babaca do Gus.
- Não seja idiota. Eu não fiz nada. A situação estava sob controle. Se você quer bancar o herói, vá atrás da Savie, ela sim precisa de um herói que a livre do cloro e dos radicais livres. Ops, ela acha que radical livre, é algum revoltado em liberdade condicional. – saí pisando duro. A trégua entre nós havia acabado.